Estava ali na platéia, como um fã, quando de surpresa fui chamado pela galera do Clube do Choro do Capão pra subir ao palco e tocar o samba que compus em homenagem a eles. O resultado é esse aí no vídeo. Foi uma experiência incrível morar por quatro meses nesse lugar mágico, no coração da Chapada Diamantina, onde a natureza pulsa intensa e a trilha sonora não deixa a desejar. Aos que passarem pelo Capão, recomendo conhecerem o Clube do Choro e a Casa de Música, escola de música dos queridos Gustavo e Bruno Lavorini, onde tive a oportunidade de expandir minha percepção, teoria e prática musical.
“Choro do Capão”
Guilherme Almeida
Saí de São Paulo vazado, parti pra Bahia com meu violão
Cheguei na Chapada Careta, após um bocado de meditação
Mas na vida de um malandro depois uma pausa vem sempre o bordão
E quando menos percebi eu tava no Capão!
Confesso que ressabiado, olhando pro lado, sem dar muita fé
Um reggae molenga num canto, no outro um palhaço aplaudido de pé
Eu, na abstinência do samba, já ia perdendo o compasso do chão
Quando que quase por milagre avistei um chorão
Um batera no cavaco, guitarra uruguaja, percusion catalã
Sete cordas paulistanas, a flauta ligeira chorando em français
Eu coçando a cabeça, rindo e perguntando: “como é que isso é?”
E a moçada catucando e trocando de pé
Catuca, catuca daqui, catuca, catuca de lá
Na paradinha de colcheia até os mosquito parava no ar
A vila anoitece feliz, segura na palma da mão
Bem-vindos ao Clube do Choro do Vale do Capão
Chora Diamantina, teu choro me ilumina
Eu vou chorá até o sol raiá
E o ritmo corria solto, conforme a batida do meu coração
Acordes meio diminutos fazendo do choro uma linda canção
A tristeza e a alegria dançando no palco da contradição
Me rendo ao Clube do Choro do Vale do Capão (3x)
Em consideração à essa galera que estuda música pra valer, toca um choro de primeira e muitas noites acaba voltando com o chapéu vazio pra casa, fiz também esse outro samba “à Doniran” pra dar uma força pros caras 😉
A bateria do celular acabou, mas dá pra conferir a letra e o áudio aqui embaixo:
“Vira o Chapéu”
Guilherme Almeida
Entrei numa roda de choro no Capão
Cavaco, pandeiro, flautista e violão
Choro de primeira, dava gosto de ouvi
Mas o curioso foi quando eu percebi
Que os que tava na roda, chorava de coração
Enquanto os que aplaudia, trazia nos borso um escorpião
Com um choro daqueles, foi o que eu pensei
Mas pra tê certeza lá do meio eu falei:
Vira o chapéu, sete corda, vira o chapéu
Que esse povo que nos assiste um dia vai tá no céu
Daí então, lá de cima eles vão vê
Que só quem deu, foi quem pôde recebê
Aí despois, numa outra encarnação
Volta tudo pombo, pra vê se aprendero a lição
E lá no banco da praça despois do almoço pra tira uma paia
Nóis achando graça do alvoroço dos pombo catando as migaia
Mas enquanto isso, bora tocá com vontade
Que ninguém vence Deus em generosidade
Amanhã nóis levanta e faz tudo outra veiz
Só pra dá outra chance pros pobre dos freguêis
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